Conheço as tuas obras, que nem és frio nem quente. Quem dera fosses frio ou quente! Assim, porque és morno e nem és quente nem frio, estou a ponto de vomitar-te da minha boca. (Ap 3:15-16)
Martyn Lloyd Jones ao escrever a introdução do seu livro “Estudos no sermão do monte” afirma, com tristeza, que a característica mais marcante das igrejas cristãs na atualidade é a superficialidade, que na realidade é uma característica que já vem afetando as igrejas durante a história. Infelizmente esta superficialidade tem atingido as igrejas em diversas areas, como evangelismo, santificação e especialmente a doutrina. E isto tem enfraquecido a nosso campo de atuação e vida cristã. Podemos colocar como causa primeira a nossa atitude para com as Escrituras, o fato de não a levarmos a sério, não a aceitamos como elas são, não permitimos que elas falem conosco. O que queremos falar com isso? Deveríamos ter em mente a importância da forma como nos aproximamos das Escrituras, a forma como a lemos. Será que a temos como a única regra de fé e prática para nossas vidas. Realmente entendemos que sem ela nada poderíamos saber a respeito de Deus e da vida cristã? Assim sendo, é imprescindível que nos aproximemos das Escrituras de uma maneira correta, não basta lê-la simplesmente por lê-la, devemos concordar que a simples leitura mecânica não nos traz nenhum benefício. Se dizemos que costumamos ler as Escrituras todos os dias, mas não deixamos elas nos mostrar o que devemos mudar, fazemos apenas parte de um ritual. É preciso haver conexão entre leitura, meditação e prática aplicada à vida nas relações diversas. A leitura diária sem meditação e ação torna-se inútil. Quando lemos, mas não meditamos, não deixamos Deus falar conosco e não exercitamos as lições aprendidas, assim, podemos nos tornar presas fáceis de pessoas que se utilizam da palavra para benefício próprio. A própria Bíblia nos ensina isto, podemos ver claramente nas palavras do apóstolo Pedro, se referindo a Paulo, em sua segunda epistola: ao falar acerca destes assuntos, como, de fato, costuma fazer em todas as suas epístolas, nas quais há certas coisas difíceis de entender, que os ignorantes e instáveis deturpam, como também deturpam as demais Escrituras, para a própria destruição deles. “Vós, pois, amados, prevenidos como estais de antemão, acautelai-vos; não suceda que, arrastados pelo erro desses insubordinados, descaiais da vossa própria firmeza; antes, crescei na graça e no conhecimento de nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo. A ele seja a glória, tanto agora como no dia eterno.” (2Pe 3:16-18). A nossa abordagem da Bíblia deve ser uma atividade revestida de uma grande importância. Para que nossa vida como igreja saia da superficialidade faz-se necessário a nossa reflexão quanto a forma como temos nos aproximado de Deus, do quanto o temos conhecido e de que forma estamos agindo na sua obra. Será que nossa participação e compromisso tem sido de fato sincero e de coração? Será que temos deixado que a palavra de Deus fale ao nosso coração? Como membros, temos sido encontrados mornos? Que Deus nos ajude e capacite para que possamos sair da superficialidade e possamos entender o que o apostolo Paulo quis dizer: “e, assim, habite Cristo no vosso coração, pela fé, estando vós arraigados e alicerçados em amor, a fim de poderdes compreender, com todos os santos, qual é a largura, e o comprimento, e a altura, e a profundidade e conhecer o amor de Cristo, que excede todo entendimento, para que sejais tomados de toda a plenitude de Deus.” (Ef 3:17-19). Uma igreja verdadeira não pode ser superficial, antes, precisa exceder em toda a plenitude de Deus.
Rev. Roberto Antunes Cardoso (Secretario de Apoio Pastoral do SSP e Pastor da Igreja Presbiteriana Vila Baronesa - Osasco/SP) - adaptado do livro: “Estudos no sermão do monte” de Martyn Lloyd Jones
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